A 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) 2025, maior mobilização indígena do Brasil, ocorreu entre 7 e 11 de abril em Brasília (DF). O evento reuniram lideranças e povos indígenas de todo o país para discutir e protestar contra ameaças a seus direitos, como o marco temporal, a mineração em terras indígenas e o enfraquecimento de políticas de proteção ambiental e social.
Considerada a maior assembleia do movimento indígena no Brasil, a 21ª edição do Acampamento Terra Livre terá seu tema e programação definidos em conjunto com as sete organizações de base da Articulação, sendo elas: Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), Comissão Guarani Yvyrupa, Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho do Povo Terena e Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu).
A presença dos estudantes na marcha: “MORADIA INDÍGENA NA UnB JÁ!
A Marcha do ATL 2025 tem como objetivo mobilizar a sociedade em torno de temas urgentes da atualidade, como a defesa dos direitos humanos, a preservação das culturas indígenas e a promoção da justiça social. A participação ativa dos estudantes indígenas da UnB enriquece a diversidade do evento e dá visibilidade a vozes frequentemente silenciadas nas discussões acadêmicas e sociais.
A Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB (AAIUnB), junto à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a estudantes indígenas, participou da marcha “A Resposta Somos Nós”, realizada durante a 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) em 2025, em Brasília. Com vozes firmes e unidas, ecoaram o grito: “MORADIA INDÍGENA NA UnB JÁ!”, reforçando a luta pelos direitos dos povos originários.
A reivindicação por moradia universitária digna vai além do acesso a um teto: trata-se da demanda por um espaço que respeite as culturas, tradições e modos de vida indígenas. Apesar de a UnB ser pioneira na implementação de cotas para indígenas, ainda carece de uma política estruturada de permanência, como moradias adaptadas ou com gestão compartilhada com lideranças indígenas. Atualmente, muitos estudantes enfrentam dificuldades, sobrevivendo com auxílios insuficientes ou vivendo em condições precárias.
Por meio de sua participação no ATL, os estudantes indígenas evidenciam a importância de ouvir e respeitar as realidades de cada cultura, promovendo reflexões profundas sobre os direitos e os saberes tradicionais. O ATL 2025 se consolidou como um espaço de diálogo e articulação entre diferentes grupos, incentivando a compreensão e o apoio à luta indígena no Brasil.
A presença dos estudantes no evento reforça a resistência e a voz da juventude indígena no cenário acadêmico e político, destacando a urgência da inclusão e da representatividade nas universidades. Durante a marcha, as pautas por moradia e políticas de permanência voltadas aos povos originários se tornaram centrais, reafirmando o compromisso com uma educação verdadeiramente inclusiva e plural.
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Indígenas avançam em direção ao Congresso Nacional e são reprimidos com bombas de gás pela Polícia Legislativa
O que era para ser um ato pacífico de resistência e afirmação de direitos virou mais um episódio de repressão e violência do Estado brasileiro contra os povos originários. Os manifestantes foram surpreendidos por bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta.
Durante a 2° marcha do ATL 2025, realizada em Brasília nesta sexta-feira (11), indígenas de diversas etnias, incluindo estudantes e lideranças jovens, foram brutalmente reprimidos pela Polícia Legislativa ao se aproximarem do Congresso Nacional. As forças de segurança usaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra manifestantes que apenas exigiam respeito às suas vidas, territórios e direitos garantidos pela Constituição. As imagens falam por si: mulheres, crianças e anciões sendo cercados e atacados com violência.

Em nota, a Câmara afirmou que cerca de mil indígenas romperam a linha de defesa da Polícia Federal do DF, derrubando os gradis e invadindo o gramado do Congresso.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) repudia com veemência os atos de violência promovidos pelo Congresso Nacional — cada vez mais anti-indígena — por meio do Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), na tarde desta quinta-feira, 10, durante a marcha “A Resposta Somos Nós”, parte da programação do Acampamento Terra Livre (ATL).
Além de aprovar leis inconstitucionais, o Congresso ataca diretamente os povos indígenas e até mesmo seus próprios representantes. A deputada indígena Célia Xakriabá (PSOL), entre outras pessoas, ficou ferida após a repressão violenta, marcada pelo uso de bombas de gás de pimenta e efeito moral — justamente no espaço que deveria ser símbolo da democracia.
Lamentamos profundamente o uso desproporcional de força e o lançamento de substâncias químicas contra manifestantes pacíficos, incluindo mulheres, crianças, idosos e lideranças tradicionais.